
12 de junho
17:00
Carolina Sendim sempre teve vontade de fazer um solo, mas sempre teve medo de assumir responsabilidades. A grande questão da autora parte de falar sobre o quê e para quem? Apesar de gostar de temas simples e de preferir criar através da composição em tempo real, Carolina desafia-se a trabalhar sobre as suas emoções, um tópico que sempre achou vago e difícil de traduzir para o movimento. Sendo assim, a forma que encontrou para falar de si mesma, foi questionando-se que processo de transformação usava para lidar com o seu lixo emocional, dessa questão surge, Trash in Motion.
Trash in Motion é uma performance sobre o lixo emocional da autora, partindo de questões como: o que fazemos com o nosso lixo emocional? Posso reciclar as minhas emoções? E se eu quiser reutilizar o meu lixo?
Através destas questões a autora realiza uma autópsia às suas memórias, tentando perceber o que é o seu lixo emocional e de que forma o pode separar, reutilizar, abandonar ou compostar.
Ao longo do processo a autora apercebeu-se que o papel da dança seria traduzir as suas emoções, chegando à conclusão de que há assuntos que a autora não gosta de falar e a dança serve para os romantizar. A romantização das suas memórias foi um mote para o desenvolvimento de movimento como forma de embelezar e traduzir as suas histórias.
Um dos objetos essenciais para a criação foi uma caixa de papel de presente que cobre a cabeça da performer, impossibilitando a visão da mesma. A caixa teve um papel fundamental para o desenvolvimento do movimento e instala sensações que a autora pretende partilhar. A caixa surge a partir de uma frase que a autora escreveu nas suas notas “os meus traumas são segredos que até de mim escondo”.
É importante referir que esta performance não foi feita com o intuito de curar algum estado psicológico e quando a palavra trauma é usada, não tem que necessariamente ser uma referência a uma situação de extrema gravidade ou violência, foi apenas um caminho que a autora escolheu para falar de si mesma.
BIO
Carolina Sendim (2000) é uma artista a desenvolver o seu trabalho na área das artes performativas. Em 2018 iniciou a sua licenciatura na Escola Superior de
Dança (Lisboa) e finalizou na Stockholm University of The Arts (Suécia). Como intérprete trabalhou com os artistas Nuno Labau, Leonor Lopes, Juliana Fernandes, Victor Gomes, Amanda Pinã, etc.
De momento, encontra-se a trabalhar na área da investigação, refletindo sobre as problemáticas do ensino superior e a vida das artistas emergentes, em parceria com a artista Beatriz Pereira, através da criação de um Livro de Culinária para as Artes Performativas.